Ao longo de três anos de governo socialista, senso e timming políticos, não têm sido de forma alguma paradigmas, numa ideia que é transversal a todos os ministérios.
Mesmo quando algo parecido, se fez notar, não passou de um mero temor de quem começa a dois anos de distância a ver as primeiras projecções eleitorais.
O que distingue experimentados especialistas em saúde e educação de bons políticos e estadistas, são as diferentes capacidades de estratégia e implementação de reformas.
Os primeiros terão a priori a capacidade de desenhá-las, os últimos aproximam-nas das pessoas, percebem que o seu apoio é crucial ao sucesso, trabalham-nas publicamente, reconhecendo que num primeiro instante, um diploma tecnicamente coerente carece de aceitação.
No limite, são as pessoas que dão significado a uma reforma, podendo evidentemente vetá-la.
Nos ministérios de Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues, faltaram e faltam, embora com consequências diferentes, estes dois agentes imprescindíveis a um governo bem sucedido.
Por um lado, na saúde as reformas foram incompreensíveis, ineficazes e sem o mínimo nexo. Fecharam-se unidades locais de saúde, maternidades e urgências com o argumento da “optimização de recursos” e “melhor saúde para os portugueses”.
Mentira! Somente o puro ideário economicista de um défice orçamental que “tinha” que chegar aos 3%.
Na praça pública Correia de Campos foi contra enfermeiros, médicos, utentes e autarquias. Nos últimos meses antes da substituição, foi-se afundando frase após frase já sem o apoio do Engenheiro Sócrates, até que, a lógica do medo funcionou, e uma médica assegurou a pasta da saúde.
Por outro lado, na educação, a irredutibilidade da ministra no “sistema de avaliação de desempenho” assume contornos insustentáveis. Desde logo parece-me que há uma falência do mesmo. Se o momento para implementação, no último terço do ano lectivo parece-me manifestamente impróprio, centrar a avaliação do docente na subjectividade das notas que atribui aos alunos, perverte os incentivos dentro do sistema, abrindo portas ao facilitismo.
Politicamente, escolas e professores, de forma generalizada, vincaram a sua crítica e recusa em avançar com o processo de avaliação, que culminou numa mega “Marcha pela Indignação”.
Nesta fase, exigia-se um novo momento de abertura e negociação. Ao invés, o governo mostra-se inatingível e fecha-se num Comício de “comemoração” de 3 anos à frente do país.
Sem a menor aceitação, a reforma não serve o país, e o problema político agrava-se.
Vejo a solução como uma dicotomia entre a cedência e a demissão da Ministra.
Brevemente in "O Grande Jota"
segunda-feira, 17 de março de 2008
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