Dia 19 de Abril. Havia já pensado em vir falar aqui em megalomanias e “lóbis” nas obras públicas, ou até “períodos de nojo” político e ética pessoal mas a ressaca da última noite trocou-me aqui um pouco as ideias.
Se há alguma coisa que a JSD nos institui na formação pessoal, é que não devemos entrar em manobras de diversão, mas sim encarar a realidade, mesmo que essa não dignifique aquilo que defendemos incondicionalmente.
Quero dizer que deveria falar destas pessoas que em lucro próprio vêm pilhar o PSD e afastar cada vez mais o poder dos militantes de base, esses sim, na generalidade mais “incondicionais” que eu diga-se, e inegavelmente os mais fies da cena politica portuguesa.
Lá está, vou assumir a cobardia de falar de algo mais confortável, mas dizer apenas que respeito e admiro a decisão sensata de Luís Filipe Menezes.
Virei a página, li a semana passada no Expresso que Lisboa é a Capital Europeia do asfalto, a cidade com maior número de quilómetros de auto-estrada por 1000km². São 220, mais 50 que a segunda, e este é de longe o intervalo maior entre os 10 mais.
Lembrei-me ao mesmo tempo da Mota-Engil, uma empresa exemplar, que vem crescendo a mais de dois dígitos anuais, já andou acima dos 30%, e recrutou recentemente Jorge Coelho.
A estes dois detalhes está associada a politica do betão que, relembrando por estes dias a Revolução de Abril, ainda faz alimentar o imaginário dos portugueses.
Esta necessidade pública de investir faz-me bastante confusão, e não é pela Mota-Engil nem pelo CEO Jorge Coelho!; é-me irracional.
Objectivamente, com défices orçamentais e externos perigosos, especialmente o último, há que poupar e pagar o que devemos. Ou mais tarde, pagando mais mas faseadamente, mas tendo ainda algumas escolas e hospitais em Portugal, ou agora colando o país em “standby”. É preciso encontrar um meio-termo neste intervalo.
Contudo, para obras públicas já não há paciência, são mais do que incrementalmente desnecessárias, irrelevantes. Prejudicam o país.
São apenas pesadíssimos estímulos de curto-prazo, que distorcem a economia. Vão dando emprego a mais uns milhares de imigrantes, que pouco tempo depois se vêm na rua, porque a economia real privada, essa sim, não investiu e vai continuando a desconfiar um pouco de tudo isto.
Sujeitamo-nos a dever mais e mais e portanto a comprometer o crescimento futuro, mas também a desemprego, inflação; o certo é que lá se vai mascarando os números que o governo apresenta. Crescemos um pouco mais, porque se gasta mais: fácil.
1.3 ou 1.8, hoje são pouco importantes, mas desafio o governo a apontá-los para 2009, 10, 11, 12. Simplesmente porque não vão acontecer, não pelo que se vai passando lá fora mas pelo temos entre portas. Somos dos menos produtivos da União e continuamos a crescer abaixo de todos os outros, e contra isso nem CEO’s, obras públicas e demagogia poderão fazer nada. É estrutural e não vai lá com pinturas.
Brevemente in "O grade Jota" edição de Abril/2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
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