quinta-feira, 17 de abril de 2008
Não me parece correcto!
Meus caros,
Como alguns saberão, hoje pelas 14.30 teve lugar uma concentração de pessoas afectas à CGTP/PCP. Não abordarei no decorrer deste post, de forma exaustiva, a matéria de índole política, mas, cabe-me fazer duas notas prévias.
Em primeiro lugar, uma palavra para a capacidade mobilizadora do Partido Comunista Português. Eram dezenas de camionetas de paragens longinquas como Nisa, por exemplo. O Partido Comunista, goste-se ou não, e eu não gosto nada, é talvez o partido com maior capacidade de mobilização em Portugal, mesmo maior que o Partido Socialista que consegue trazer pessoas de Vila Nova de Familicão e outras terras afins para a comemoração da vitória de Costa em Lisboa, que nem sabiam do que se tratava. Essa capacidade de mobilização relaciona-se não só com o espírito comunista, protestante, com os ideias de luta e do famoso " Não Pagamos ", mas também com o facto de a maioria das pessoas que aderem a estas jornadas de luta, serem reformadas, o que obviamente lhes confere mais tempo disponível do que a um militante típico do PS ou do PSD, de meia idade, normalmente de uma classe média/alta, empregado e sem disponibilidade nem vontade para estes foclores.
Em segundo lugar, para o facto de não considerar que as manifestações levem, quando feitas de forma consecutiva, e por motivos dispersos ( contrariamente ao que sucedeu, por exemplo, no caso das manifestações dos professores ) a grandes resultados. Já aconteceu hás uns tempos uma conhecida fábrica ameaçar que se ia embora pela baixa produtividade dos trabalhadores e a resposta dos mesmos foi, imagine-se, não um aumento de numero de horas de trabalho ou maior afinco nas horas que já trabalhava tendo em vista ajudar a uma melhoria da situaçao financeira da empresa e a " convencer " os patrões a manter a fabrica no nosso país, mas antes graves. O resultado foi o que alguns devem conhecer.
Assim é muito complicado competirmos na Europa. Um Eslovaco é muito mais qualificado que um Português e o custo médio laboral é monstruosamente inferior. Mas explicar isto a anti-europeistas é muito complicado.
Mas o que queria vos contar hoje é o que me sucedeu. Demorei 1h40 do saldanha á Cidade Universitária, um trajecto que leva nunca mais que uns 10 minutos, mesmo com algum transito. 40 desses 100 minutos foram parados no meio da manifestação, sendo que o polícia me disse que teria que esperar que a manifestaçao acabasse para sair dali e ir para os meus afazeres, pelo que, não fosse um carro atras de mim transportar um bebe recem nascido, e um polícia compreensivo, e ainda lá estaria por estas horas faltando a importantes compromissos.
Compreendo o direito à greve e à manifestação. Mas acho que o meu direito a ir às aulas ( direito ao ensino ) ou o direito de trabalhar ( direito ao trabalho ) ambos consagrados constitucionalmente devem ser tido em conta. Podem manifestar-se em recintos fechados, alugados para o efeito, podem marchar pelos passeios, podem ir para a Alameda que ninguem diz nada. Mas não me posso conformar, e não me conformo que o direito a não trabalhar prevaleça sobre o direito a trabalhar ( e já não falo do efeito caótico provocado no transito com inumeros atrasos, mas deste efeito directo que foi ficar retido no meio da manifestação).
Não é claramente admissivel, algo deste genero, do ponto de vista ético. Mas duvido que o seja também do ponto de vista constitucional. Acho que é dificil de conceber que um direito de não trabalhar ou de manifestar se sobreponha ao direito ao trabalho ou ao ensino, ou noutros casos até ao direito à saude ( se tivesse uma consulta ) .
Acho isto grave e deve ser pensado. Repito, não me incomoda, as manifestações. Mas façam-nas com respeito pelos outros.
Mas opiniões discordantes ou concordantes são bem-vindas!
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4 comentários:
Isso é tudo muito bonito, mas o que todos os teus leitores agora querem ouvir é tu a comentares esta notícia:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1326183&idCanal=23
Como é obvio estou a preparar um post sobre o tema. Mas como calcula, derivado das responsabilidades políticas que tenho, não me ficaria bem, nem seria justo e correcto para com os militantes do PSD e da JSD, que de forma precipitada viesse tecer qualquer comentário poucas horas depois do anuncio.
Isto não é um site de um qualquer jornal, que objectiva lançar uma qualquer noticia, o mais rapido possível, para bater a concorrência. Não sou jornalista, embora respeite muito a classe.
Mas terá a minha reacção em breve.
Caríssimo anónimo, pela primeira vez tenho o prazer de responder a um comentário desprovido de nome, sabe-se lá porquê.
Publiquei apenas o link da notícia sem ter visto o comentário, mas como ultrapassei sem querer a pretenção do colega Tiago permite-me umas palavras.
Se é tão democrático e pluralista como se faz entender o porquê do seu anónimato? Não sei carissímo anónimo, mas presumo que as suas convicções sejam fundadas tão legitimamente como as nossas. Contudo, caro anónimo prevejo que tenha falta de bom censo e de alguma forma de desrespeito para connosco ao comentar neste espaço sem divulgar no mínimo um nick - para pelo menos seguir-mos a sua linha de comentários.
Caro anónimo, não gosto de opiniões anónimas acredito na pluralidade, não é necessário ser-se clandestino como nos tempos ditaturiais.
Respeite as nossas opiniões, porque na linha do Alta Voz respeitamos as suas.
Sem problema, caro Tibério. Depois comento o teu post, e dou a minha opinião.
Sobre o anónimo, só lastimo que sobre o tema que levantei, nem uma palavra. é uma imitação de Sócrates. Com uma diferença : Não dá a cara.
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