Noite de Milagres

Nem mesmo as pessoas cuja fé é interminável podiam esperar que o recém subido à Liga de Honra (Vitalis) Fátima fosse derrotar, no seu sagrado terreno, o dito bicampeão nacional.
Parece que a tendência do Porto em perder com equipas de escalões inferiores está a tornar-se regra uma vez que já o ano passado tinha sido o Atlético (da II Liga) a eliminar o Porto da Taça de Portugal. Desta vez, na recém-criada Taça da Liga (Carlsberg), o Porto não foi capaz de vingar o seu estatuto de claro favoritismo e provocou mais um embaraçoso escândalo desportivo. Tudo bem que se possa dizer que são jogos em que as equipas teoricamente maiores rodam o seu plantel e que as pequenas dão tudo por tudo para realizar o jogo das suas vidas, mas temos que ter em consideração que, dos 3 grandes, a equipa do Porto era a que tinha a vida mais facilitada uma vez que os grandes de Lisboa visitaram equipas razoavelmente fortes da SuperLiga e que também tiveram de recorrer à lotaria das grandes penalidades para resolver o jogo, algo que o Porto, na mesma situação, não conseguiu.
Não podemos de forma alguma tirar o mérito ao Fátima uma vez que durante todo o jogo se bateu de igual para igual e mostrou excelente organização como equipa, algo que hoje em dia nem todas as equipas (mesmo as grandes) conseguem. Por isso, e pela vitória conseguida, os jogadores do Fátima e o seu treinador Rui Vitória estão de parabéns. Quem sabe se, se mantiverem a tremenda humildade e trabalho que mostraram hoje, não cheguem mais longe e provoquem mais surpresas num futuro próximo, especialmente se jogarem em casa (Municipal de Fátima) apoiados pelos seus crentes adeptos.

Em relação aos outros dois grandes, o Sporting que tinha uma deslocação muito difícil a Guimarães conseguiu com algum mérito passar à próxima eliminatória num jogo em que o guarda-redes Tiago foi a figura em destaque ao defender 2 penalties e marcar a penalidade decisiva, bem ao estilo do ex-companheiro Ricardo, vencendo então por 7-6 na lotaria após 0-0 durante o tempo regulamentar.
Já o Benfica passou por mais dificuldades na Reboleira e só mais um milagre permitiu aos encarnados não serem hoje eliminados pelo Estrela da Amadora uma vez que, graças a uma penalidade inexistente sancionada pelo árbrito (auxiliar) ao cair do pano, permitiu ao Benfica empatar o jogo a uma bola no final da partida. O Estrela tinha sido a melhor equipa durante todo o jogo e merecia seguir em frente, saindo portanto da Taça da Liga com razões de queixa da arbitragem.
Também o outro histórico da cidade de Lisboa foi protagonista de outra surpresa ao perder com o Portimonense num jogo igualmente resolvido nas grandes penalidades (4-3) após empate a 1-1.

Surpresas e controvérsias à parte, o destaque da noite não deixará de ser a espetacular vitória do Fátima que, por um lado, marcará presença na história do clube do Santuário enquanto, por outro lado, assombrará a mente dos portistas por muitos anos aumentando a sua frustração de ser eliminado de competições internas por equipas de escalões inferiores, em especial a do seu treinador Jesualdo Ferreira, a quem começa a faltar algum crédito ou, quem sabe, pasta de dentes.

Para o Fátima, Boa Sorte, Tudo de Bom!