Opto não por fazer um comentário no teu post, porque mais que responder quero explicar aos nossos leitores, menos atentos, o que realmente se passa nos sistemas de ensino mais desenvolvidos.
A competição no Mercado de Trabalho caminha por uma especialização pela diferença.
A questão está em quem realmente procurar trazer valor acrescentado para a sociedade.
O sistema da flexi-segurança pressupõe isso mesmo, será fácil e desejável a rotatividade no emprego quando, muitas pessoas, tem áreas de competência bastante diferentes.
Aliás, nas escolas, traçam muito cedo o caminho técnico.
Se em Portugal se perdem 4 5 anos sem se aprender nada em concreto, na Suécia ao final do nosso 12º ano qualquer pessoa está pronta para trabalhar. E isto funciona assim na realidade. Muita gente me tem dito, que é normal ver alguém de 19 anos a trabalhar no mesmo estádio de competência dos restantes colegas. Ora isto só é possível com uma aprendizagem, desde muito cedo, focada no que é realmente essencial.
No governo Sueco 85% dos ministros não fizeram ensino superior!
Em Portugal, as pessoas vão continuando a dar grande primazia a cursos excessivamente teóricos e generalistas que trazem muito pouco valor à sociedade.
O valor de mais um Jornalista, um Advogado,um Economista, um Professor, ciências Linguísticas, se não forem realmente bons naquilo que fazem, acaba por ser igual a “O”, já que o licenciado apenas poderá roubar algum lugar já preenchido ou então ficar no desemprego. São cursos muito abrangentes, que primam pouco pela diferença. As pessoas saiem sem competências especificas e isso justifica-se no elevadíssimo numero de desempregados.
Quanto à escala de cursos proponho os seguintes critérios.
Em inteligência, dificuldade e exigência:
Engenharias Física-Quimica, Matemáticas, Gestão/Economia e Saúde, sem qualquer ordem. Todos os outros cursos andam um pouco à volta do marranço, estas áreas para além disso pressupõem que estudar mais livro menos livro não chega, é preciso ser realmente bom. Coloco aqui o Desporto, sem a vertente inteligência mas com uma exigência e dedicação acima de muitos outros.
Em história:
Qualquer curso de letras, desde a Filosofia, ao Direito e ao Latim, de Saúde e Artes. Foram os primeiros a surgir na Antiga Grécia e nas Universidades Europeias.
Em horas de estudo, resistência:
Pelas experiências que me relatam, colocaria Direito, Saúde, Economia/Gestão, nesta ordem, não sendo eu o melhor exemplo.
Em necessidade para a sociedade.
As médias acabam por ser, modo geral, o preço com que o mercado valoriza cada uma destas profissões.
Coloco a Saúde num pedestal. E em seguida as Engenharias e ensino Técnico, Economia/Gestão e Direito. São as áreas em que há menos desemprego (entre as melhores Universidades óbvio) porque acabam por ser as mais relevantes para a sociedade. A Medicina é inquestionável. Engenheiros e todos aqueles cursos técnicos de Mecânica e Electrónica, têm competências práticas, no terreno que são realmente precisas. Eco/Ges dominam o tecido empresarial e dão de comer a esta gente toda, reconhecendo que há demasiados licensiados em muitas Universidades pouco prestigiantes. Direito na vertente de criação de leis, o garante da ordem, e na vertente de mediação de conflitos, extremament importante, isto apesar, de reconhecer que os 4, 5 mil advogados Suecos e Dinamarqueses bastariam e como no caso de Eco/Ges há demasiadas Universidades pouco prestigiantes.
Aquestão das ordens:
Mais poderosas Advogados e Médicos. O espelho do poder do Lobby nas sociedades Latinas ao contrário da Europa do Norte.
O Foco tem que ser realmente o que o mercado e as pessoas precisam. Já lá vai o tempo, em que todos tiravam os mesmos cursos. Hoje é preciso, a/o especialista em física nuclear, a/o engenheiro de estruturas, a/o Programador de Software, a/o especialista em energias Renováveis, a/o Realisador e Artista, porque a sociedade também tem espaço para o lúdico, e também a/o Filósofo, aliás tenho um exemplo respeitadíssimo na família, porque talvez também é preciso alguém que nos ensine a pensar, reflectir e ver mais coisas e também nos proporcione um bom livro, e porque não os Estudos Africanos e Asiáticos, será que faria mais falta como Professor, Economista ou Advogado desempregado? Está a fazer o que gosta e daqui a 100 anos quem sabe acrescenta mais qualquer coisa aos nossos livros de história.. o desempregado acrescenta peso à Segurança Social!
Mas acho que tal como no futebol cada um analisa tudo isto pela Área escolheu e que mais gosta. Mas consigo não cair na dogma de não reconhecer todo o diferente saber como relevante. Ainda bem que somos todos diferentes o que seria do Mundo se só soubéssemos fazer contas, ou leis?
Deixar uma última nota que nas Universidade Suecas, Economics e Law são considerados os major courses e num instituto à parte estão a parte técnica e a gestão.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
já deu para ver que só valorizam a medicina e o direito!
Cursos como a administração publica, a psicologia, o serviço social, entre outros, nao vos são muito apelativos.
Há que dá valor aos mais pekenos também, tal como também precisamos de alguém que nos construa a casa para vivermos, ou o pão para comermos, dia-a-dia.
Saudações!
Sem grande sistematização algumas notas...
Caro Pedro e Caro Anónimo,
Acho, como referi, que poderias ter, o que se chama hoje curso superior a começar um pouco antes ou, em alternativa, talvez a mais viável, ter um ensino secundário mais exigente e que te habilitasse a ser umas mais valia no mercado de trabalho.
Depois sobre a valorização dos cursos. Caro anónimo, acho por exemplo que os cursos tecnológicos são extraordinariamente importantes. Um bom electricista, canalizador, pedreiro são fundamentais à nossa sociedade, que não é so feita de fatos e gravatas.Apenas acho que, para o citar, um curso de acção social é um pouco desnecessário. Poderia existir um conjunto de disciplinas nucleares no curso num curso mais abrangente que permitisse ao jovem concorrer em mais áreas.
Não faço uma hierarquia em cursos. Não meto nenhum em pedestais. Quando falo em Direito e Medicina, exemplifiquei. Não há cursos de Direito Admnistrativo, Constitucional, Civil e Penal por exemplo. Ha um conjunto de cadeiras num " super-curso". O mesmo com medicina. Não posso compararar uma engenharia especializada em algo com a abrangente medicina.
Sobre o curso de Direito em particular. A compra " de mais um ou menos um livro " pode ser importante, mas não decisiva. É certo que existe um ritmo de páginas por dia grande. Mas também é certo que sem uma capacidade de organização, sistematização, escolha é impossível. Inteligência é preciso bastante. Não é apenas olhar para o artigo e aplicar..
De qualquer forma, acho que existe um pouco o preconceito de que o 20 a matemática vale mais que o 20 a sociologia. 20 é 20. ( Na mesma escola, mesmo ano, mesmo agrupamento, mesmos professores ).
Uma última palavra para o Pedro, que fez aqui um excelente post, bem mais esclarecido do que o meu, fruto, concerteza, de um maior amadurecimento da matéria. Muito acertivo e lúcido. Aliás, como sempre!
Obrigado Tiago. O mesmo se aplica ao teu!
Acabei por dizer um pouco o que tu escreveste. Dando um maior ênfase à questão da Matemática mas isso acaba por estar relacionado com o que tenho estado mais em contacto. Aliás referi no final que tu doo que disse é perfeitamente subjectivo e refutável.
Quanto ao companheiro Anónimo, penso que não deve ter interpretado bem o que escrevi. Clarifiquei com exemplos reais a importãncia de um ensino mais especializado, começando mais cedo. E perdi algum tempo a explicar porque reconheço todo o diferente saber como relevante
Enviar um comentário