sábado, 27 de outubro de 2007

Os GRANDES renegados



Noticia hoje o SOL algo que me deixou absolutamente perplexo. Fruto de uma "reforma" nos exames nacionais, que dita a exclusão dos conteúdos leccionados nos décimo e décimo primeiro anos, ficam arredados do estudos dos pré-universitários algumas das maiores figuras da literatura portuguesa. Se, por si só, esta notícia seria o suficiente para me deixar sem palavras (que é o que muito provavelmente acontece a quem não estuda estes marcos literários), mais me choca que estes sejam preteridos por autores de, em meu entender, menor relevância.


Parece-me completamente despropositado substituir um autor como Eça de Queirós - autor realista da belle époque portuguesa, que se enquadra na mesma como mais ninguém poderia ou ousaria fazê-lo, fazendo discrições e críticas acutilantes à sociedade burguesa e decadente, ociosa e fútil de então, não só nos seus romances, como também, ao lado de Ramalho Ortigão, numa edição mitíca que ficou para a história, intitulada O Mistério da Estrada de Sintra - pelo separatista d'A Jangada de Pedra, José Saramago. Ou mesmo um Gil Vicente - autor da mais importante era da história de Portugal, (se esquecermos o 1º de Julho de 1906) os Descobrimentos, considerado por muitos O dramaturgo por excelência em Portugal - por um Sttau Monteiro que se dá feliz por (em Abril) haver luar.


De tudo, o que mais me choca é a exclusão de Eça. A meu ver, se a literatura portuguesa fosse o campeonato nacional de futebol, Camões, Pessoa e Queirós seriam Benfica, Porto e Sporting (estão por ordem alfabética e não por ordem de correspondência).


Ainda de fora, ficaram Almeida Garret, Cesário Verde (o escritor das dictomias) e Padre António Vieira.


Incrível, não?

P.S.- No seguimento dos posts do Tiago e do Pedro, esta notícia vem comprovar o estado, não lhe queria chamar decrépito, mas sem dúvida que está perto disso, do ensino e da formação em Portugal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sinto-me uma privilegiada por ter estudado estes autores. É absurdo retirarem o que de mais importante há na literatura portuguesa dos exames nacionais do 12º ano, que supostamente são exames que englobam todo o secundário. É pena, mas todos sabemos que se estes autores não saem nos exames, não se estuda, não se dá importãncia. Estuda-se um bocadinho para o teste, faz-se o teste e...esquece-se tudo. Os mais prejudicados são os alunos que, com esta medida, vão ter uma lacuna enorme nos seus conhecimentos.

Jorge Batista disse...

É um atentado à nossa cultura o que se esta' a passar com a "reforma" do ensino e das escolas que este governo esta' a promover. Depois da alteração ridícula do estatudo do estudante vêm estas medidas sem qualquer tipo de objectivo de melhorar o ensino em Portugal ou promover o crescimento intelectual dos nossos jovens estudantes, muito pelo contrário.
Veremos se esta "reforma" continua a marcar pontos no campo da estupidez, mas acredito que já conquistou um lugar a provável vencedor do Jota de Lata na próxima edição do nosso jornal.