Já saíu o Ranking das Escolas Secundárias de Portugal, ano lectivo 2006/2007. Considero uma boa medida, a existência deste ranking, porque penso que estimula a competitividade entre escolas, possibilita ao aluno a escolha de uma escola com determinados resultados e alcançados e estimula também a exigência, nem que seja por razões menos morais ou éticas, como a restrição de alunos que fazem exames nacionais, para que a média de uma escola seja mais ou menos elevada. O aluno, mesmo assim, e discordando eu desta prática, é obrigado a trabalhar muito mais e depois têm um outro à vontade no curso superior.
Por outro lado, o ranking tem de ter um rigor muito, muito vincado. Porque doutra forma em vez de termos aqui um instrumento positivo, temos um instrumento que em nada corresponde à realidade.
Desde logo não se pode comparar escolas que fazem 200 exames por ano, e outras que fazem 20. Não se pode comparar escolas que fazem exames de 12 disciplinas diferentes e outras que só tem 2 exames. ( Num ranking eu acho que nem deveria só constar a média dos exames, mas adiante ). Dou-vos um exemplo: Suponhamos uma escola que faça apena 25 exames por ano, com duas disciplinas apenas, por exemplo, duas disciplinas específicas de uma área, onde os alunos têm obrigação de serem muito bons : Por exemplo uma escola artística que apresentasse Geometria Descritiva e Desenho. Bom esta, escola " corria o risco " de ter uma média de 15 ou 16 valores e seria considerada a melhor escola do país. O que não faria qualquer sentido.
Neste sentido, devem ser consideradas ( como o DN já considera num cenário paralelo ao oficial ) por exemplo as escolas com mais de 100 exames feitos. Ou, por exemplo,com exames a mais de 5 disciplinas. Porque senão existe uma falta de rigor enorme.
Depois, é imperioso dismistificar-se a ideia de que os colégios privados são melhores que as escolas públicas. Existem colégios privados bons e maus, escolas públicas boas e más. Parece-me obvio. Depois, outra coisa a ter em conta: Hoje a escola não é, não deve e não pode ser um simples local de aprendizagem e de interacção professor-aluno em blocos horários. Uma directora de uma das escolas ( privadas ) mais bem cotada no ranking, veio falar da importância da separação das pessoas por sexo nas escolas. Referiu no caso, que as raparigas estavam mais concentradas, não pensavam em " rapazes ". Concordo que isso seja assim, até pelas múltiplas razões que tenho referido, inclusive noutros post's. Mas discordo em absoluto da separação de sexos nas escolas. Todo o trabalho sociológico, toda a interacção e integração na sociedade que deve ser feita na faixa dos 15-17/18 anos é fundamental. Mesmo que, admitindo algum sacríficio nas notas, a componente social da escola é para mim fundamental.
Mais, analisando as 10 melhores escolas, as 9 melhores são privadas. A 10ª é pública. Não me parece que seja suficiente para dizer que as escolas privadas são claramente melhores. Vejamos as 10 piores: A pior, 2ª Pior, 6ª,7ª e 10ª pior são todas colégios privados. Temos privadas num espectro de médias entre os 6 e os 15 valores. Temos públicas num espectro de médias entre os 6 e os 13 valores. Não é tão abismal a diferença.
O que já me preocupa e muito, é observar as tremendas disparidades que existem entre as escolas do litoral e dos centros urbanos, em comparação com as escolas do interior e rurais. É preciso também aqui uniformizar o ensino. Mesmo dentro dos distritos existem diferenças, que devem ser supridas. Loures é o único concelho do distrito de Lisboa ( com muita pena minha ) com uma média abaixo de 9,5 valores.
Termino, dizendo que estou disponível para enviar aos nossos leitores, via on-line, o caderno de 48 páginas do DN, sobre o assunto. Basta deixarem um comentário com o vosso contacto que vos faço chegar o ranking por e-mail.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
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2 comentários:
Concordo que mesmo considerando todos os problemas que identificas-te é essencial haver este ranking.
Desde logo, a questão da competitividade e o simples facto que sendo público, pressiona os menos bem colocados a alterarem a sua postura.
As disparidades de trato por parte de quem é responsavél não se encontram apenas na forma como lidam com a educação, está em tudo que é desenvolvimento desde vias de comunicação até à existência de internet, acreditam que 1/4 do concelho onde moro não tem cobertura adsl.
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