Ainda no tempo em que escrevia no meu blogue pessoal, antes de integrar este projecto, escrevi, tentando fundamentar o melhor possível essa minha tese, que o regime político em Portugal era, ciclicamente, ora mais centralizador e autoritário ora mais liberal. Depois de séculos de Monarquia e de ausência de, efectiva, separação de poderes, tenta-se em 1822 dividir os poderes, dando mais poder às Cortes e retirando esse mesmo poder ao Rei. A constituição ultra-liberal não vigora e depois, sem prejuízo para os 4 anos de vigência da constituição compromissória de 1838, bem como de outros interregnos constitucionais, temos até à revolução de 1910, a vigência da carta Constitucional de 1826 que restabelece o poder no Rei e o centraliza como grande figura no panorama político Português. Com a revolução de 1910, derruba-se a monarquia, instaura-se a 1ªRépublica que entre 1910-1926 teve mais de 40 governos. Esta instabilidade gerou que, com relativa naturalidade, acontecesse o golpe militar em 1926 e entre essa data e 1974 observássemos um regime autoritário. Depois de 1974 (Ou melhor depois de 1982, data em que é extinto o conselho da revolução) vivemos num sistema democrático e livre.
Feita esta suma, penso que é facilmente verificável o carácter ciclico dos vários regimes políticos. E o facto de assim o ser é perfeitamente normal. Os regimes esgotam-se porque deixam de conseguir acompanhar a evolução da sociedade, porque deixam de se enquadrar em determinados momentos históricos. O regime do Prof. Salazar vem depois de os Portugueses se encontrarem perfeitamente descrentes e até humilhados após os episódios da Primeira Guerra Mundial e dos sucessivos governos, que por vezes duravam um dia. O Regime de 74 aparece quando a falta de liberdade imperava. Mas a minha pergunta é: Podemos considerar que este regime é totalmente democrático, favorável às liberdades e que o anterior não o era? Não existirá uma combinação de liberdade e autoritarismo em ambos, em doses, evidentemente diferentes?
De facto, hoje mesmo temos talvez o primeiro-ministo mais autoritário, centralizador (na pessoa dele) que existiu depois de 1982. Temos uma ASAE e temos diversos tiques cada vez mais notórios. Por outro lado, parece reunir simpatia da generalidade da população. Não será isso um sinal? Diversas vezes quando venho no autocarro, cada vez mais vezes e de forma mais vigorosa, que as pessoas queriam o "regresso" do Salazar (pessoas com cerca de 50 anos, e não miúdos como eu de 20 que não sabem do que estão a falar quando se pronunciam sobre o Antigo Regime).
Será que temos que chegar à conclusão, que em algumas culturas, em determinados países, é necessário regimes mais autoritários? Teria Cuba, o dinheiro que hoje tem, proveniente do turismo, sem Fidel? Seria a Rússia governável sem alguém com mão de ferro? São apenas perguntas, e não afirmações ou opiniões.
Mesmo no registo das democracias, será que o desenvolvimento da vizinha Espanha teria sido possível em 12 anos de Aznar, isto é sem a estabilidade política que um primeiro-ministro eleito 3 vezes dá? Será que o brutal avanço que a Madeira tem sobre os Açores não se deve ao líder de várias décadas que por lá está?
Será que o problema de África, talvez, ao nível dos recursos naturais, o Continente mais rico do mundo, é um problema de administração? Será que com os povos colonizadores não existiria mais progresso?
Será que se um Código Administrativo no tempo do Prof. Salazar esteve em debate público 4 anos, uma reforma importantíssima no Ensino Superior, como O Processo de Bolonha esteve em discussão 15 dias e em Junho no governo do Eng. Sócrates?
São apenas, algumas perguntas e, nenhumas afirmações, que procurei expor aqui, após o debate de ideias de ontem, e que reflectem os pontos de vista das pessoas com quem falei sobre isto.
Feita esta suma, penso que é facilmente verificável o carácter ciclico dos vários regimes políticos. E o facto de assim o ser é perfeitamente normal. Os regimes esgotam-se porque deixam de conseguir acompanhar a evolução da sociedade, porque deixam de se enquadrar em determinados momentos históricos. O regime do Prof. Salazar vem depois de os Portugueses se encontrarem perfeitamente descrentes e até humilhados após os episódios da Primeira Guerra Mundial e dos sucessivos governos, que por vezes duravam um dia. O Regime de 74 aparece quando a falta de liberdade imperava. Mas a minha pergunta é: Podemos considerar que este regime é totalmente democrático, favorável às liberdades e que o anterior não o era? Não existirá uma combinação de liberdade e autoritarismo em ambos, em doses, evidentemente diferentes?
De facto, hoje mesmo temos talvez o primeiro-ministo mais autoritário, centralizador (na pessoa dele) que existiu depois de 1982. Temos uma ASAE e temos diversos tiques cada vez mais notórios. Por outro lado, parece reunir simpatia da generalidade da população. Não será isso um sinal? Diversas vezes quando venho no autocarro, cada vez mais vezes e de forma mais vigorosa, que as pessoas queriam o "regresso" do Salazar (pessoas com cerca de 50 anos, e não miúdos como eu de 20 que não sabem do que estão a falar quando se pronunciam sobre o Antigo Regime).
Será que temos que chegar à conclusão, que em algumas culturas, em determinados países, é necessário regimes mais autoritários? Teria Cuba, o dinheiro que hoje tem, proveniente do turismo, sem Fidel? Seria a Rússia governável sem alguém com mão de ferro? São apenas perguntas, e não afirmações ou opiniões.
Mesmo no registo das democracias, será que o desenvolvimento da vizinha Espanha teria sido possível em 12 anos de Aznar, isto é sem a estabilidade política que um primeiro-ministro eleito 3 vezes dá? Será que o brutal avanço que a Madeira tem sobre os Açores não se deve ao líder de várias décadas que por lá está?
Será que o problema de África, talvez, ao nível dos recursos naturais, o Continente mais rico do mundo, é um problema de administração? Será que com os povos colonizadores não existiria mais progresso?
Será que se um Código Administrativo no tempo do Prof. Salazar esteve em debate público 4 anos, uma reforma importantíssima no Ensino Superior, como O Processo de Bolonha esteve em discussão 15 dias e em Junho no governo do Eng. Sócrates?
São apenas, algumas perguntas e, nenhumas afirmações, que procurei expor aqui, após o debate de ideias de ontem, e que reflectem os pontos de vista das pessoas com quem falei sobre isto.
24 comentários:
Ouvi assim no autocarro: "o socrates é pior que 30 salazares! Ao menos havi atrabalho!"
Mariana
Epá, ó Tiago, eu sei que vocês são malta jovem e tal, mas é preciso ter alguma responsabilidade naquilo que se escreve,principalmente se como vocês, se tem um cargo político (por muito pequeno e insignificante que ele seja, e que efectivamente no vosso caso é). Então tu queres comparar a ASAE à PIDE!?!?!?!?! A tua análise histórica é muito engraçada, só que te escapa o óbvio que é os sistemas políticos (Monarquia, Autocracia, etc.) Foram sempre substituídos por modelos novos, e não pelo mesmo modelo autoritário liberal.
E não te espantes por haver pessoas de 50 anos que querem o regresso do Salazar. Porque na altura, para quem se "portava bem" o regime era brando e protector (com subsídios para tudo e mais alguma coisa), agora para quem se "portava mal" a conversa era outra. Se ousavas criticar publicamente algumas opções do governo (como tu estás a fazer aqui agora) vinham uns senhores vestidos de preto a tua casa durante a noite, que te torturavam até à morte e depois derretiam o teu corpo em ácido sulfúrico para nunca mais te encontrarem. Achas que estou a exagerar? O que é que achas que aconteceu ao Humberto Delgado (aquele do "Obviamente demito-o" para o caso de não saberes quem é)?
Por outro lado, pessoas que agora têm 50 anos escaparam-se a uma das iniciativas mais brutais e estúpidas da história Portuguesa, a guerra do ultramar! Tu tens 20 anos não deves ter ninguém na tua família que tenha ido à guerra. Se por acaso estou errado, então aconselho-te a ires falares com esse teu familiar que esteve na guerra, de preferência se foi um daqueles que ia para o mato todos os dias. Se estou certo, lê o "Cus de Judas" do Lobo Antunes. Pode ser que então encontres algumas respostas.
Quanto às tuas perguntas, respondo com outras:
Teria Cuba tido um desenvolvimento económico bastante mais expressivo se não tivesse que viver com o embargo económico americano?
Teria a Rússia um governo mais liberal, não estivesse a ser dominada por máfias extremamente ricas, financiadas inicialmente pelo governo americano para minar o sucesso da União Soviética?
Será que o desenvolvimento da Espanha não foi empolado por uma campanha de manipulação dos meios de informação pelo governo?
Será que o aparente desenvolvimento da Madeira relativamente aos Açores não se deve ao facto de os Açores terem 9 ilhas separadas por várias centenas de Km, algumas delas sem grande espaço para desenvolvimento? Será que muitos dos problemas de pobreza e isolamento dos Açores não se devem ao facto de a administração do Mota Amaral ter escolhido apostar numa cidade de uma das ilhas em detrimento de todas as outras?
Será que África seria um lugar muito mais seguro se não fosse a colonização económica desregrada que os países ocidentais têm feito para lhes roubar as riquezas naturais?
Será que os 4 anos que demoravam as decisões do antigo regime contribuiram apenas para aumentar o isolamento e atraso de Portugal face aos seus parceiros Europeus?
Eu sei que dizes que isto foram opiniões de outras pessoas, mas tu também tens opinião, ou não? E a partir do momento que pões a dúvida é porque não estás muito seguro daquilo que questionas. Além disso, se apenas apresentas uma das hipóteses alternativas, é porque dás mais valor e crédito a essa do que às outras, pelo que parece que essa é a tua opinião, que pelo menos é essa que colocas como alternativa.
Quanto ao comentário anterior, claro que havia mais trabalho no tempo do Salazar. Metade da população activa estava em África na guerra!!! Se Portugal agora entrasse em guerra com 3 países diferentes e enviasse para lá metade dos homens adultos, os índices de desemprego baixavam para 0!! Ou achas que isto não faz mesmo sentido nenhum!?!?!
"vinham uns senhores vestidos de preto a tua casa durante a noite, que te torturavam até à morte e depois derretiam o teu corpo em ácido sulfúrico"
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Fortíssima análise, oh anónimo! Li até aqui e depois não consegui mais...
Muito bem.
Uma história:
"Todas as histórias são parecidas: luta clandestina, detenção pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide), detenção nos cárceres de Caxias, Peniche ou Aljube, torturas. Os mais rebeldes eram enviados para o campo de concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, um lugar para se preferir a morte.
...Guilherme da Costa Carvalho. Era filho de um homem rico, mas tornou-se comunista e acabou em Tarrafal depois de visitar três cárceres. Esteve preso cerca de 20 anos. Sua morte, conta sua mulher, Albertina Diogo, chegou “um ano, um mês e um dia antes de se realizar seu sonho, a revolução de 25 de Abril” (...) “Às duas da manhã fiz um pacote com os papéis e as coisas perigosas e joguei tudo fora. Logo depois eles chegaram.” Isso foi em 1960, e então já tinham dois filhos, mas não os viam. (...) Albertina entrou na prisão feminina de Caxias, e numa de suas visitas à sede da Pide os policiais lhe mostraram seus filhos para tentar amolecê-la. “Me bateram, me deixaram uma sequela no ouvido, me trataram pior que a um animal."
Mais exemplos:
"1931
O estudante Branco é morto pela PSP, durante uma manifestação no Porto;
1932
Armando Ramos, jovem, é morto em consequência de espancamentos; Aurélio Dias, fragateiro, é morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é assassinado a tiro durante uma manifestação em Lisboa;
1934, 18 de Janeiro
Américo Gomes, operário, morre em Peniche após dois meses de tortura; Manuel Vieira Tomé, sindicalista ferroviário morre durante a tortura em consequência da repressão da greve; Júlio Pinto, operário vidreiro, morto à pancada; a PSP mata um operário conserveiro durante a repressão de uma greve em Setúbal
1935
Ferreira de Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no hospital após ter sido espancado na sede da PIDE (então PVDE);
1936
Francisco Cruz, operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de Angra do Heroísmo, vítima de maus tratos, é deportado do 18 de Janeiro de 1934; Manuel Pestana Garcez, trabalhador, é morto durante a tortura;
1937
Ernesto Faustino, operário; José Lopes, operário anarquista, morre durante a tortura, sendo um dos presos da onda de repressão que se seguiu ao atentado a Salazar; Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições suspeitas no forte de Caxias; Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael Tobias Pinto da Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia, Francisco Manuel Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e Cândido Alves Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço de quatro dias no Tarrafal, vítimas das febres e dos maus tratos; Augusto Almeida Martins, operário, é assassinado na sede da PIDE (PVDE) durante a tortura ; Abílio Augusto Belchior, operário do Porto, morre no Tarrafal, vítima das febres e dos maus tratos;
1938
António Mano Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de Peniche, por lhe ter sido recusada assistência médica, sofria de doença cardíaca; Rui Ricardo da Silva, operário do Arsenal, morre no Aljube, devido a tuberculose contraída em consequência de espancamento perpetrado por seis agentes da Pide durante oito horas; Arnaldo Simões Januário, dirigente anarco-sindicalista, morre no campo do Tarrafal, vítima de maus tratos; Francisco Esteves, operário torneiro de Lisboa, morre na tortura na sede da PIDE; Alfredo Caldeira, pintor, dirigente do PCP, morre no Tarrafal após lenta agonia sem assistência médica;
1939
Fernando Alcobia, morre no Tarrafal, vítima de doença e de maus tratos;
1940
Jaime Fonseca de Sousa, morre no Tarrafal, vítima de maus tratos; Albino Coelho, morre também no Tarrafal; Mário Castelhano, dirigente anarco-sindicalista, morre sem assistência médica no Tarrafal;
1941
Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho; António Guedes Oliveira e Silva; Ernesto José Ribeiro, operário, e José Lopes Dinis morrem no Tarrafal;
1942
Henrique Domingues Fernandes morre no Tarrafal; Carlos Ferreira Soares, médico, é assassinado no seu consultório com rajadas de metralhadora, os agentes assassinos alegam legítima defesa (?!); Bento António Gonçalves, secretário-geral do P. C. P. Morre no Tarrafal; Damásio Martins Pereira, fragateiro, morre no Tarrafal; Fernando Óscar Gaspar, morre tuberculoso no regresso da deportação; António de Jesus Branco morre no Tarrafal;
1943
Rosa Morgado, camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António, Júlio e Constantina, são mortos a tiro pela GNR; Paulo José Dias morre tuberculoso no Tarrafal; Joaquim Montes morre no Tarrafal com febre biliosa; José Manuel Alves dos Reis morre no Tarrafal; Américo Lourenço Nunes, operário, morre em consequência de espancamento perpetrado durante a repressão da greve de Agosto na região de Lisboa; Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre no Tarrafal; Francisco dos Reis Gomes, operário da Carris do Porto, é morto durante a tortura;
1944
General José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado internamento hospitalar; Francisco Ferreira Marques, de Lisboa, militante do PCP, em consequência de espancamento e após mês e meio de incomunicabilidade; Edmundo Gonçalves morre tuberculoso no Tarrafal; assassinados a tiro de metralhadora uma mulher e uma criança, durante a repressão da GNR sobre os camponeses rendeiros da herdade da Goucha (Benavente), mais 40 camponeses são feridos a tiro.
1945
Manuel Augusto da Costa morre no Tarrafal; Germano Vidigal, operário, assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo; Alfredo Dinis (Alex), operário e dirigente do PCP, é assassinado a tiro na estrada de Bucelas; José António Companheiro, operário, de Borba, morre de tuberculose em consequência dos maus tratos na prisão;
1946
Manuel Simões Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após doze anos de prisão e de deportação; Joaquim Correia, operário litógrafo do Porto, é morto por espancamento após quinze meses de prisão;
1947
José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na sede da PIDE;
1948
António Lopes de Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante a tortura; Artur de Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Marreiros, marinheiro da Armada, morre no Tarrafal após doze anos de deportação; António Guerra, operário da Marinha Grande, preso desde 18 de Janeiro de 1934, morre quase cego e após doença prolongada;
1950
Militão Bessa Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na Penitenciária de Lisboa, durante uma greve de fome e após nove meses de incomunicabilidade; José Moreira, operário, assassinado na tortura na sede da PIDE, dois dias após a prisão, o corpo é lançado por uma janela do quarto andar para simular suicídio; Venceslau Ferreira morre em Lisboa após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;
1951
Gervásio da Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus tratos na
prisão;
1954
Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante uma greve, grávida e com uma filha nos braços;
1957
Joaquim Lemos Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no Porto após quinze dias de tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, é morto durante a tortura na sede da PIDE no Porto, sendo o corpo, irreconhecível, enterrado às escondidas num cemitério do Porto; José Centeio, assalariado rural de Alpiarça, é assassinado pela PIDE;
1958
José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR, durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são feridos a tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa Iria, após quinze dias de tortura, é lançado por uma janela do quarto andar da sede da PIDE, à sua morte assiste a esposa do embaixador do Brasil;
1961
Cândido Martins Capilé, operário corticeiro, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e militante do PCP, é assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;
1962
António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são assassinados a tiro pela GNR; Estêvão Giro, operário de Alcochete, é assassinado a tiro pela PSP durante a manifestação do 1º de Maio em Lisboa;
1963
Agostinho Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela PSP, sob a indicação da PIDE, durante uma manifestação em Lisboa;
1964
Francisco Brito, desertor da guerra colonial, é assassinado em Loulé pela GNR; David Almeida Reis, trabalhador, é assassinado por agentes da PIDE durante uma manifestação em Lisboa;
1965
General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;
1967
Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, more vítima de tortura na PIDE;
1968
Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus tratos; Herculano Augusto, trabalhador rural, é morto à pancada no posto da PSP de Lamego por condenar publicamente a guerra colonial; Daniel Teixeira, estudante, morre no Forte de Caxias, em situação de incomunicabilidade, depois de agonizar durante uma noite sem assistência;
1969
Eduardo Mondlane, dirigente da Frelimo, é assassinado através de um atentado organizado pela PIDE;
1972
José António Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e militante do MRPP, é assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à luta do povo vietnamita e contra a repressão, o seu assassino, o agente da PIDE Coelha da Rocha, viria a escapar-se na "fuga-libertação" de Alcoentre, em Junho de 1975;
1973
Amilcar Cabral, dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, é assassinado por um bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por Alpoim Galvão;"
Perdeste uma boa oportunidade para ficar calado ó Luís!!!!!!!!!
Está provado...
Consegues provar que estes relatos são falsos? Se sim então força! Ou também és daqueles que não acredita no holocausto, e que acha que o Mein kampf é que relata com rigor os acontecimentos históricos da alemanha?
À que saber ler os comentários e interpreta-los... Tudo o que aqui se escreve não é pra ser levado tão a "peito" mas sim pare se pensar um pouco sobre muitas coisas.
Caro Anónimo,
Obrigado pelos extensos comentários ao meu post. O meu estilo de escrita, regista-se num tom " saudavelmente provocador " por forma a fazer pensar as pessoas. Gosto de " picar " as pessoas para precisamente estimular o debate entre as várias posições. Como, atentamente, observou coloquei várias questões, mas dei poucas respostas. Exactamente porque prezo o debate de ideias. Tenho opinião, e já a dei várias vezes. Mas se tiver sempre a dar as minhas opiniões torno-me um pouco egocentrico e pouco contributivo para o debate de ideias. Não comparei de todo o modo a asae à pide, mas sei que há quem compare, por isso coloquei esse tema ao barulho.
Contudo, registo a sua entrada " triunfante" Epá, ó Tiago, eu sei que vocês são malta jovem e tal, mas é preciso ter alguma responsabilidade naquilo que se escreve,principalmente se como vocês, se tem um cargo político (por muito pequeno e insignificante que ele seja, e que efectivamente no vosso caso é)". De facto é pequeno, insignificante não será. Mas se duvida, porque não vem trabalhar connosco ? Escrever no jornal ou organizar actividades pelos outros? Não me diga que acha insignificante dar roupa aos mais desfavorecidos ou debater sobre o impacto da televisão nos jovens! Mas, repare, se quiser colaborar connosco olhe que não aceitamos pessoas anónimas...dá jeito dar o nome. Até gostei, o facto de pesquisar todos aqueles factos, lamentáveis, da história de Portugal e aqui os citar. Achei que se interessou pelo post, que, por maioria de razão não terá sido insignificante. Mas para quê esconder-se atrás do anonimato ?
Caro Tiago,
Para haver debate de ideias é preciso apresentá-las, que foi coisa que não fizeste... ou melhor, fizeste mas escondido detrás da máscara de colocar questões que até nem foste tu que te lembraste, foram outras pessoas com quem falaste.
Agradeço-te o convite mas não estou muito interessado. Além disso o objectivo deste blog é debater ideias ou angariar sócios para o PSD?! É que tendo em conta que como resposta aos pontos de vista alternativos que te dei, respondes-me com um convite para me juntar ao partido, começa a parecer mais a segunda hipótese. Efectivamente não debateste as ideias que te dei, às quais gostava de saber a tua opinião.
Quanto ao anonimato, eu posso-te dizer q me chamo João Antunes, tenho 65 anos, moro no Alto de S. João em Lisboa e lutei em Angola entre 1968-70... que é tudo mentira!!! Que te interessa a ti saber de onde vêem as ideias?! Segundo o que tu dizes o que te interessa é o debate, e para isso não precisas de ter um nome. Como dizia o poeta saxónico"...uma rosa, mesmo com outro nome, cheirava igualmente bem.".
Ó Luís, então não respondes?! Começo mesmo a achar que no teu alter ego és militante do PNR!!! Ao menos o teu amigo Tiago é mais sensato do que tu e refreia-se um bocadinho mais nos comentários levianos a um regime que nunca conheceu. Devias seguir o exemplo, quanto mais não seja para não fazeres essas figuras tristes.
Caro Anónimo,
Se teima em esconder-se por detras da máscara do anonimato, os seus, bem estruturados comentários, perdem todo o valor. Não vou rebater porque se assumir o se escreve é bom. Penso que é logico. Abre um jornal e vê o quÊ ? Artigos escritos pela " pantera cor-de-rosa " ou pelo " capuchinho vermelho "? Temos de ter carácter para assumirmos o que escrevemos. Aliás é o que faço, sempre fiz e sempre farei, à semelhança dos meus pares neste blogue.
Quanto ao segundo ponto, sócios tem o Sporting, Benfica ou o Porto. Militantes têm as juventudes partidárias. Se não percebeu a ironia no convite, então, desilude-me bastante, pois pensava estar a conversar com alguém com um pouco mais de perspicácia.
Agradeço os seus comentários.
Oh anónimo,
não te respondi antes porque não me mereceste reposta.
O Tiago referiu a questão do anonimato, e bem, porque é difícil contra-argumentar alguém que tem na mão todos os nossos dados e os usa contra nós ("comentários levianos a um regime que nunca conheceu"), quando não tenho hipótese de saber se te encontras na mesma situação que eu. E estou convencido que sim.
Quanto ao PNR, só se for mesmo no meu alter-ego.
Quanto à JSD, para além de não te ter sido lançado um convite no sentido de militares neste partido, há uma diferença grande entre sócios e militantes, como poderás verificar numa rápida consulta a um dicionário. Não te pedimos nenhum dos dois. Foi-te lançado, isso sim, um convite no sentido de participares em actividades que achamos construtivas e edificantes. Colaborar com um grupo de jovens, dando as tuas ideias e oferecendo a tua (in)disponibilidade.
Terminando, e singindo-me ao assunto em questão, de facto, esse regime de que falas, nunca existiu.
E por falar em espírito democrático (a única razão porque me dignei responder-te), tu é que tens que provar que essas afirmaçãoes são verdadeiras para chegares onde queres. Até lá presumo-as como falsas.
Estes gajos que misturam Hitler com Salazar, Salazar com fascismo, PIDE com SS e holocausto com Estado Novo...
Tenho aqui ao lado o Mein Kampf (A minha Luta), de Adolf hitler e a a biografia de Salazar a três volumes, de Franco Nogueira. Dá uma vista de olhos nos dois. Visita Auschwitz e... A prisão de caxias. Vê o que as história diz de um e outro.
O holocausto judeu parece-me uma verdade incontestável. Já a ditadura em Portugal… Foi à boa maneira portuguesa, uma ditamole!
Franco foi pior, Mussolini muito pior, Hitler nem está na mesma galáxia. E isto para não falar dos regimes comunistas.
A minha preocupação é ver este regime autoritário cada vez mais próximo. Agora, não se tente fazer dele aquilo que nunca foi.
Aqui há uns tempos atrás, e o acontecimento até teve honras de abertura de telejornal, os "antifascistas" portugueses marchavam contra o Museu Salazar.
Isto, porém, não é mais do que a prova da pungente deterioração (e alarmante também) dos nossos antifascistazitos.
Tudo o mais é secundário - o conteúdo, a função, a finalidade. O que realmente conta é a forma. Os estridentes e regurgitantes antifas vorazes de liberdade, não se apoquentam com um fascismo que nunca conheceram. Nunca o viram nem sabem do que se trata. Só não gostam da forma. A fachada que lhes permite a paz de espírito e a hipótese de ainda ir com colher ao tacho.
Há que mudar a forma, apagar a história.
Aqueles antifascistas à antiga – daqueles que, aqui há trinta anos atrás, se julgava “torturados até à morte e queimados em ácido sulfúrico”, mas que acabaram por brotar vivinhos da Silva mal o Abril floriu para todos eles – não se haviam de empatar nestes histéricos “fait-divers”. Antes de um ai faziam ao Museu como fizeram à Ponte: esperavam pelo trabalho feito e, depois de tempo trabalho e dinheiro investidos, iam lá e mudavam-lhe o nome. Para quê? Museu 25 de Abril, claro está.
Afinal de contas, o que estes antifaxos da tanga, continuam é agarrados, pendurados, alapados na lapela dum autêntico embuste ideológico. Sim, catrafilados que nem lapas: ao bicho recauchutado e à teta da situação.
Mas já sobram poucos. Estou convicto que daqui a 15/20 anos todos os que, n’”Os Grandes Portugueses”, votaram em Álvaro Cunhal não estarão entre nós. É a evolução...
Não me venham para cá com os fantasmas daquilo que nunca foi.
Sou social-democrata - doutrina que, curiosamente, desenvolveu a partir das ideias marxistas - por oposição a todas as outras.
Não me venham com "socialismos modernos" nem com "antigos regimes".
Tiago,
Desculpa lá mas vou ter que insistir. Os artigos de jornal vêm com o autor identificado para salvaguardar a propriedade intelectual do mesmo, que ganha a sua vida expondo as suas ideias/investigações. Não é para dar credibilidade ao trabalho. O que dá credibilidade ao trabalho é o rigor das fontes, e essas estão bem protegidas por um forte código de ética.
Se o objectivo do blog é discutir ideias, então já lancei mais umas quantas. Mas tu pelos vistos não pareces muito interessado em discuti-las. De qualquer forma, se te incomoda assim tanto os comentários anónimos, podes sempre proibi-los.
Agora, a ver se sempre fazes cumpres as tuas promessas de discutir ideias, ou se vais desapontar todos os leitores deste blog fugindo ao debate livre de ideias,e incorreres novamente na falácia típica de atacar a credibilidade do autor para refutar o argumento.
Confesso-lhe ter mais dificuldade em debater com quem, cobardemente, não dá a cara.
Contudo, não percebo muito bem os argumentos. A Ditadura do Prof.Salazar foi má, em muitos aspectos ? Todos concordamos. Teve aspectos positivos ? Dificilmente refutável. Foi muito, muito mais branda do que ditaduras de Mussolini, Hitler ou Estaline ? Sem dúvida alguma.
A Pide atentou contra direitos de personalidade absolutamente fundamentais? Sim.
Qual é o seu grande argumento? Aliás o que contesta do que eu disse?
Pode contestar opiniões concretas que dou. Por exemplo, a questão da quebra de valores. Ou da necessidade de apostar das energias renováveis. Ou da baixa de impostos. Ou da não existencia de Scuts. Ou da abertura de museus ao domingo. Ou de apoio às artes. Ou da criação de verdadeiros mecanismos de apoio social. Ou da reforma urgente no ensino.
Deixei várias coisas para o ar. Concordo até com algumas coisas que disse, exemplificando, acho que um dos factores que torna os Açores menos desenvolvidos é precisamente a dispersão geográfica. Não confunda textos de opinião ou textos de dar matéria para discussão. Obrigado pelo comentário.
Luís,
Gosto dessa tua inovação dos posts duplos. Primeiro respondes dizendo que não mereço, e depois perdes imenso tempo a responder directamente ao meu comentário. Brilhante, parabéns!!!
O mesmo não se pode dizer da tua resposta infelizmente.
Primeiro, ninguém confundiu o que quer que seja a não ser tu. O Hitler era alemão e suicidou-se num bunker quando a capitulação alemã era iminente, o Salazar era português e morreu de velhice em S. Bento (e por muita volta que dês, sim era fascista!). Quanto à confusão entre PIDE e "Schutzstaffel" foste tu que a inventaste, porque eu nunca falei nela. Talvez te referisses ao mito por enquanto não confirmado oficialmente, de que os agentes da PIDE eram treinados por agentes da "Geheime Staatspolizei", que levou a que fosse feita uma comparação directa. Apesar de, como disse, isto não estar confirmado, a verdade é que os métodos da PIDE eram claramente inspirados nos métodos da "Geheime Staatspolizei". Finalmente também não percebo onde foste buscar essa do holocausto e do estado novo. Ninguém aqui falou do holocausto, e só quem não fez os trabalhos de casa de história é que não sabe o que se entende por holocausto e o confunde com o estado novo.
No entanto, concordo contigo numa coisa: o regime ditatorial autocrata em Portugal foi relativamente mais brando do que noutros países. Disso não há dúvidas! É uma bocado como o sketch fedorento: "De todos os ditadores sanguinários eu fui o mais medíocre". Agora daqui deduzir que nunca existiu censura, que nunca houve presos políticos, que nunca foram feitas torturas por delito de opinião, e que nunca houve repressão violenta contra manifestações públicas de desacordo com o governo (com assassinatos incluídos), é olhar para o mundo com um parzinho de palas de cada lado dos olhos. Além disso é ignorar factos históricos bem descritos. É curioso tenhas referido a biografia do Salazar e o Main Kampf (a propósito, eu sei perfeitamente quem escreveu o Mein Kampf e o que significa o título, não precisavas de me explicar) mas que te tenham escapado teses académicas imparciais sobre o estado novo, nomeadamente a investigação das actividades da PIDE feita pela Irene Pimentel. Porque foi? Foi de propósito, ou és só ignorante? Ou se calhar até nem concordas com nada do que estás a dizer e estás só a fazer um joguinho infanil de provocação inconsequente.
De qualquer forma parece que acertei quando disse que tinhas um fascínio especial pelo Mein Kampf. Tudo bem,é um dos livros europeus do século XX mais vendidos,mas é um livro de propaganda política e não um relato histórico. A razão porque me pediste para compara-lo com a biografia do Salazar não ficou muito clara (isto e um conselho para melhorares a tua escrita, mas já lá vamos), mas assumo que te estejas a referir ao facto de no primeiro serem explicitamente defendidas doutrinas racistas e pretensões de conquistar o mundo, e no outro ficarmos a saber que o Salazar tinha um galinheiro em S.Bento, quer era reservado e tímido, e que gostava muito da sobrinha da sua empregada, ainda criança. Novamente, estás a comparar um livro de propaganda política a uma biografia! O Hitler também era generoso e simpático para com as crianças (principalmente se fossem arianas segundo o conceito dele) e esforçou-se bastante para que o povo alemão nunca desconfiasse da existência dos campos de concentração e assim mantera sua boa imagem. Da mesma forma, o Salazar ordenou a captura, tortura e assassinato de muitos dos seus oponentes e críticos através da PIDE q respondia directamente a Salazar, e apenas a Salazar. Não havia intermédios!
Quanto ao resto, acho q esta tua frase diz tudo: "Afinal de contas, o que estes antifaxos da tanga, continuam é agarrados, pendurados, alapados na lapela dum autêntico embuste ideológico. Sim, catrafilados que nem lapas: ao bicho recauchutado e à teta da situação.". Podes achar que isto é uma utilização inteligente de eruditismo complexo para reforçar um ponto de vista ideológico, mas para te ser muito sincero é apenas escrever mal!!! Duvido que alguém consiga decifrar o significado desta tua frase.
Finalmente, gosto da convicção dos teus ideais: "Sou social-democrata... por oposição a todas as outras". Ou seja,como não havia mais nada, virei-me para o PSD. Fantástico melga!!!!!
Tiago,
Cobardia é criar um blog público, lançar ideias para o ar e depois não as discutir. Dei-te contrapontos às várias questões que lançaste (pode ir rever o meu comentário) e era esses que gostava de te ouvir comentar e analisar. Quais é que achas que fazem mais sentido? Porquê? Quais o índices/referências em que te baseias para fundamentar a tua opinião? São credíveis? Porquê? De que forma é que as duas hipóteses alternativas interagem entre si? Excluem-se uma à outra, complementam-se, interagem de forma sinergética?
Se calhar tenho razão, és melhor nas falácias do que na discussão lógica!
Quanto à discussão dos Tós Salazares (se dispensas o Herr antes do Hitler, e o Komradie antes do Stalin, podias também dispensar o Prof. antes do Salazar; é que te dá um certo ar de neo-fascista), essa é com o Luís e não contigo. Acho sinceramente que és bem mais inteligente do que o Luís (esse pelos vistos tem o cérebro de uma ervilha), e que consegues distinguir bem as coisas. O teu mal é mesmo fugires ao debate de ideias.
Olha que são argumentos fortes, Tiago. Eu não consigo dar seguimento à discussão.
Respondo apenas à questão fulcral do comentário que me é dirigido: sou apenas ignorante!
Cumprimentos, oh anónimo. Volta sempre.
Luis, tu até podes um tipo esperto com potencial para fazer uma análise profunda e original sobre temas histórico/políticos, mas aqui estás simplesmente a ser infantil. E agora respondes com esse tom sarcástico para fugir ao debate. Se estás assim tão convicto de que estás certo, e de que aquilo que eu digo não passam de disparates, então refuta aquilo que eu disse. Tens aqui a tua oportunidade de mostrar o que sabes sobre o assunto e de por à prova o rigor das tuas hipóteses. Eu sei que é muito mais fácil falar sobre isto com pessoas que até nem discordam muito contigo (da mesma forma que é fácil dar entrevistas aos amigos e sair de lá a parecer um herói!). Mais difícil é enfrentar o mundo real e arriscarmo-nos a que alguém nos aponte o dedo e diga "O rei vai nu!!!".
Se sinceramente não conheces ou não percebeste alguma parte do meu argumento, diz que eu explico-te melhor. Se percebeste mas não concordas, então explica porquê. Agora assim estás a fugir ao debate de ideias e a esconder-te por detrás de uma aparente ofensa (toda a gente é ignorante em alguma coisa, não é ofensa nenhuma) para não teres que expor os teus argumentos a uma análise independente.
Caro Anónimo,
É com gosto que respondo ao seu comentário, mas, desculpe a insistência, continua a refugiar-se no anonimato. Faz críticas, algumas até ofensivas, e não tem coragem de dizer quem é. Assim é muito mais fácil. Mas, tudo bem, nem todos podem não ser cobartes.
Antes mesmo, de passar então a dar a minha opinião, sobre os temas que solicitou, e faço-o com gosto pois verifico que a minha opinião, pela insistencia que demonstra é, realmente, importante para si, dois breves comentários a outras duas coisas que disse:
Neo-fascista ? Agora, peço-lhe eu. Explique-me o conceito. Depois diga-me se alguém por colocar Professor antes de Oliveira Salazar é neo-fascista ou tem ar disso. Não percebo. Mas não não sou neo-fascista, pro-fascista, fascista, a ser seria anti-fascista, como sou anti-comunista, por exemplo, reconhecendo coisas boas ( ainda que diminutas comparando com as coisas más ). Mas sou democrata. E é por isso que lhe respondo. O senhora ou a senhora, menino ou menina, é que não revela espirito democrático. Condena e critica sem dar a cara. Se quissese embirrar e não moderasse as palavras até o/a/os/as chamar de...neo-fascista.
Quanto às entrevistas a amigos, concordo consigo. Hoje assiste-se a uma degradação ao nível da imprensa que leva a essa situações. E a JSD também aqui dá o exemplo. Na minha entrevista, optamos por não faze-la tão pouco por e-mail, dando me tempo para pensar e articular as respostas, mas antes por uma entrevista surpresa, feita por alguém licenciado em comunicação social e que, se lhe interessa, é militante do Partido Socialista. Ás vezes devíamos mesmo estar calados.
Mas vamos a isto : Espanha, África, Rússia, Cuba, Madeira, Actual Governo e Estado Novo. Penso que está tudo, se não estiver avise-me e respondo-lhe com gosto.
Espanha - Quanto a mim é reconhecido que o meritório trabalho do Dr.Aznar em Espanha, especialmente no que respeita aos aspectos económicos, possibilitou que a Espanha descolasse de Portugal. Foi precisamente nesses 12 anos que isso aconteceu. Mas não é uma defesa ao Dr.Aznar. Acho que Zapatero pode, perfeitamente, fazer o mesmo. Mas não acho fascista o Dr.Aznar.
África - É de longe o continente mais rico do mundo, ou melhor, com mais potencial para ser rico do mundo. É o mais pobre. O seu país mais populoso é a Nigéria. O desenvolvido será a África do Sul. Em Angola, por exemplo, 99% da riqueza concentra-se em 1%da população. Se quiser analise porque África do Sul progrediu e até vai acolher uma grande competição desportiva internacional. Para mim, não tenho dúvidas, que uma administração dos povos europeus em alguns países resolveria problemas. Não acha que no Zimbabwe um estado europeu administraria melhor o território que Mugabe ?
Rússia - É uma ditadura disfarçada. sou contra ditaduras, nessa medida acho mau o regime actual. No passado, na URSS, percebeu-se, após a Guerra Fria, ou mesmo durante a mesma, qual o lado que mais se desenvolveu: O Capitalismo " ganhou " ao Comunismo.
Cuba - Os revolucionários Che Guevara e Fidel Castro foram tão ditadores como o regime que visavam destruir. Cuba vive em ditadura. Não há duvidas. Aplica-se o mesmo do que disse em cima. Contudo parece-me, mas posso estar enganado, que existe uma maior empatia entre o povo cubano e fidel do que o povo russo e Putin. E quanto ao turismo, Cuba é o que é, muito por conta deste regime que tudo aposta nisso. Também acho que não há grande espaço de discussão.
Madeira - Acho meritório e admiro o trabalho feito por Alberto João Jardim ( não pus o DR para lhe fazer a vontade ). Desenvolveu a Madeira. O Povo madeirense acha-o consensual. É um dos grandes líderes portugueses. E desenvolveu muito aquela região insular. Mas concordo, como já tinha dito, que os Açores tem muito mais dificuldades relacionadas à sua própria Geografia.
Estado Novo- Surge numa altura, onde as pessoas sobretudo queriam estabilidade e onde estavam envergonhadas depois do que se passou na Primeira Guerra. Estavam descontentes com mais de 40 governos em menos de duas dezenas de anos. Foi uma reacção popular. Acho que o Estado Novo, atentou contra a liberdade e outros direitos importantes e isso é inadmíssivel. Mas temos de reconhecer algumas coisas bem feitas. Ninguém e totalmente mau nem totalmente bom.
Actual Governo - Idem. Tem coisas boas, atrevo-me a dizer, muito boas e coisas más, muito más. Não o acho um governo ditadorial. Mas acho um governo autoritário. Acho um governo com uma mão de ferro. Se é bom ou mau, os portugueses farão o seu julgamento democraticamente.
Termino, lamentando que o sr/sra/menino/menina fuja ao debate de ideias. Se não tivesse receio de assumir quem é, quais as cores políticas, qual o seu contexto socio-economico e até geo-cultural, qual o curso ou emprego que tem, ou escola secundária básica ou primária que frequenta, ou mesmo se é reformado ou militar, poderíamos discutir muito mais temas. Suponha que admitia que era uma menina na casa dos 20 anos filiada no PCP, ai poderiamos discutir por exemplo o que sabe de comunismo a ligação do PCP actual ao comunismo estalinista, se existe ou não existe. Se for reformado, poderíamos falar do sistema de segurança social. tantos e tantos temas. Assim como sabe tudo de nós e nós nada de você/ti então a conversa é unilateral. Fico no entanto satisfeito que um post, escrito apenas pa lançar meia duzia de ideias tenha gerado tanta polémica e discussão. É um excelente sinal. Como o Luís, que discordo que tenha um cerebro de ervilha, porque de ervilha só mesmo o verde, afirmou, vamos ter um conjunto de temas polémicos para serem discutidos. Mas a sério, venha discutir ideias connosco. Eu pessoalmente gosto muito de conversar, em especial de pessoas que discordam de mim. É positivo. Tou disposto a isso. Talvez até seja convidado a contribuir para o nosso Jornal...que lápis, só laranja, nunca azul. Um abraço/beijinho/aperto de mão.
Ok Tiago, já percebi que não gostas mesmo de debater ideias. Mas gostas de debater a credibilidade de outras pessoas. Porque razão te interessa saber o meu contexto sócio-económico, ou geo-cultural?! Se eu te disser q sou africano isso muda a tua opinião em relação ao África?! E de que forma é que eu por um nome no fim te ajuda a ter essas informações todas?! Não percebo desculpa!
Mas queres saber um bocadinho mais sobre mim, então eu explico. Sou Português, mas nunca vivi no sítio onde nasci. O local onde fui criado também já lá não moro há muitos anos. Já morei em vários sítios do mundo e visitei outros tantos quer em trabalho quer como turista. Actualmente ganho bem e não tenho dificuldade económicas, mas já houve uma altura em que tinha que ficar em casa porque só andar me gastava as solas dos sapatos e não tinha dinheiro para comprar uns novos. Nunca vivi em ditadura, mas sem identificar investigações sérias feitas por pessoas imparciais, e incluir essa informação na forma como vejo o mundo. Da mesma forma, hoje faço parte de uma elite intelectual (não te vou dizer qual, desculpa lá; no fim de contas tenho o direito de o fazer sem te ouvir a ti a chamar-me de cobarde), mas houve uma altura em que todos achavam que eu era burro e pateta. Não sou militante de nenhum partido, mas já estive em muitas reuniões e comícios do PSD, já discuti assuntos da nação com militantes da Juventude Popular, já tive diatribes com a JCP e já passei muitas horas na sede do PSR a organizar manifestações e discutir estratégias de descredibilização de governos. Já falei muitas vezes com o Santana, apertei a mão ao Louçã, e até já entrevistei o Guterres. Sou caucasiano, mas já fui ameaçado de pancada por grupos neo-nazis (mais propriamente os Skin-heads). Nunca estive na guerra (nem quero estar) mas já vi pessoas a serem assassinadas à minha frente. Já estive nos copos com pessoas de todas as raças e nacionalidades, e já tive relações com mulheres de todas as classes sociais e de todas as cores de cabelo. Já vivi muito, mas ainda tenho muito para viver. Agora nada disto me torna melhor ou pior do que quem quer que seja, nem torna as minhas opiniões melhores ou piores do que outra qualquer. E é isto que tu pelos vistos não consegues perceber (nem o Luís, mas desse já não espero grande coisa). Insistes que para discutir ideias precisas de mais do que os meus argumentos, que as minhas opiniões, e que as minhas fontes. Insistes que para discutir ideias precisas também de conhecer o contexto sócio-económico em que eu me insero, e mais essas coisas todas que debitaste.
Quanto aos comentários ofensivos, o neo-fascista e o cérebro reduzido do Luís: pensei que tinhas um sentido de humor mais apurado. Pelos vistos enganei-me. O Luís tem obviamente um cérebro humano, caso contrário não seria capaz de escrever ao teclado de um computador, e tenho a certeza que lá na escola/curso/trabalho onde ele anda (não faço ideia de qual seja, nem quero saber, assim como não faço ideia se ele é gordo, magro, feio ou bonito, e não quero saber) ele é extremamente competente e é respeitado por todos os seus pares. Agora aqui, desculpa lá mas só diz asneira. Não estou a criticá-lo a ele como pessoa que tenho a certeza é um tipo exemplar e porreiríssimo, mas as opiniões que expressa aqui são dignas de uma ervilha. Completamente aleatórias e desligadas da realidade, ignorando por completo o conhecimento criado por gerações de pensadores antes dele.
Quanto à tuas opiniões, desculpa lá
mas não debateste uma única ideia daquelas que te apresentei. Não fizeste qualquer tipo de relação entre aquilo que eu te apresentei e as tuas próprias ideias, nem de que forma é que elas interagiam. Limitaste-te a debitar uma série de conceitos que tens na cabeça, num exercício de pura vaidade intelectual. Pode não ter sido esta a tua intenção, mas foi aquilo que fizeste. Além disso, foste arrogante porque começaste o teu debitanço como se já tivesses ganho à partida, como se tivesses finalmente decidido revelar algo que não está normalmente acessível ao comum dos mortais. Novamente, pode não ter sido essa a tua intenção, mas foi isso que fizeste. E se te preocupas minimamente com a tua imagem, e como tu próprio disseste, em ser sempre um bocadinho melhor do que antes, então vais levar a sério isto que te estou a dizer. Se não levares, então confirma-se que és apenas vaidoso e arrogante. Além disso, escreves mal Português (não estou a dizer que escrevo melhor, estou a dizer que tu escreves mal), o que dá um certo ar ridículo a essa tua atitude (novamente, não é a ti, é à tua atitude).
Depois, comentaste coisas sobre as quais não pedi a tua opinião (por mim podes sempre dá-la, claro). Como tal não percebi porque o fizeste. Novamente faz-te passar por vaidoso.
Eu não te conheço de lado nenhum. Sei qual é a tua cara, que tens 20 anos e que estudas direito, porque apareceu na entrevista. Até ler aquilo, não tinha a mais pequena ideia de quem és. Como tal sempre comentei as tuas opiniões, os teus argumentos, e as tuas atitudes aqui neste blog, mas apenas aqui neste blog. Se não consegues perceber a diferença, então desiludes-me imenso!
Dizes que eu sou cobarde por me "esconder no anonimato", mas tu és cobarde por não sujeitares as tuas ideias e crenças a uma análise rigorosa, nem mesmo feita por ti perante hipóteses alternativas que encontras, e essa é uma verdadeira cobardia.
Quanto ao meu nome... já ninguém me trata pelo meu nome, não és tu que vais começar a fazê-lo.
Agradeço mais uma vez o teu comentário. Agradeço igualmente os reparos sobre os erros ortográficos que cometo. O problema é que não tenho muito tempo para a escrita e então ou dou primazia ao conteúdo e escrevo a uma velocidade que me permita uma relação positiva conteúdo/tempo dispendido ou então preocupo-me mais com a questão do Português. Mas não é desculpa. Tens razão e tentarei melhorar.
Quanto à arrogância, espanta-te, acho me arrogante. A questão é que também acho o Mourinho ou o Sócrates arrogante. E essa arrogância é diferente da arrogância do Luís Campos ( provavelmente o pior treinador da 1ª Liga Portuguesa dos últimos 10 anos ). Eu prefiro ser arrogante a ser hipócrita. Se tenho as melhores notas, digo-o: Sou o melhor. Se consigo vender 6 ou 7 x mais do que recordes de empresa digo : Sou o melhor. Prefiro a dizer, não sou nada bom, os outros é que são, coitado de mim.
Mas acho que se pode ser saudavelmente arrogante. Não acho que deixe que essa arrogância toque no irrealismo e na má-educação.
Sinceramente, não procurei exercer nenhuma vaidade. Sobre os assuntos, que pensava estar em discussão, dei apenas a minha opinião. Tão útil quanto à tua.
Quanto ao anonimato, debato ideias e respeito esse refúgio. Não faço nem fazemos com a maioria dos blogues que proibe esse tipo de comentários. Mas compreende a necessidade das pessoas assinarem certo tipo de comentários. Imprime mais veracidade às coisas. Imprime mais credibilidade. E os teus comentários merecem isso.
Abraço/beijinho
«Será que se um Código Administrativo no tempo do Prof. Salazar esteve em debate público 4 anos, uma reforma importantíssima no Ensino Superior, como O Processo de Bolonha esteve em discussão 15 dias e em Junho no governo do Eng. Sócrates?»
HUmmmm salvo erro isso é já mais cultura geral que uma conclusão propriamente original do autor do texto.
A conclusão não é minha, caro anónimo. Retive de uma aula plenária que assisti na Faculdade onde estudo. Cumprimentos.
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