Adivinha-se um novo Equilíbrio Geopolítico Internacional. Esta é a conclusão que venho a retirar da azáfama que tem dominado a agenda das Relações Internacionais.
De facto, esta senda está claramente enviesada para o plano Norte-Sul.
Na ordem do dia, com a respectiva proximidade à nossa realidade, está a Cimeira da União Europeia com África.
Representa, o retomar de um diálogo multilateral, interrompido já há algum tempo, precisamente, desde Cairo (2000); já que as pontes bilaterais, essas, têm se institucionalizado na herança dos Impérios Coloniais.
Nestes Fóruns, penso que é preciso delinear uma vertente mais solene, simbólica, que se revela no estruturar de uma agenda de uma parceria estratégica, e outra que está intimamente relacionada aos reais desafios institucionais inter-regionais. Ora esta última, justifica o timing da Cimeira, numa altura em que a China redescobre o potencial de África, em que a pressão migratória parece agravar-se e em que os “Consensos” de Washington e Pequim falham no campo dos direitos humanos e funcionamento democrático.
Isto, não colocando de parte a questão ambiental indissociável das várias crises humanitárias, especialmente Darfur e Somália, e a experiência do crescimento económico que tarda em chegar à África Subsariana.
Este interesse Europeu em África, é irredutível, e representa per se a primeira resposta à Invasão Chinesa. Interesse, esse, que choca com uma série de diferendos políticos, que materializam também, o encontrar da Globalização com uma série de governações ditatoriais e tirânicas. Falo claramente, de regimes como o de Mugabe, Khadafi e Al-Bashir, que gozaram de imunidade institucional para participarem nesta cimeira.
É difícil contestar a sua presença em Lisboa, aliás o problema está aí. Foi aí que Gordon Brown falhou, decisivamente diria, já que a Europa urge por este diálogo Estratégico com uma África que está unida e que ganha no primeiro diferendo com a Europa depois das “Independências”.
Estou convicto que o ambicionado desenvolvimento sustentável, não passa pela colaboração com estes senhores, mas o presente sim.
Tal como espero, mudando de perspectiva, que o futuro da Venezuela não passe por Chávez. No entanto, a Espanha de Zapatero deixou se impor na recente Cimeira Ibero-Americana. Mais uma vez, o ónus económico recai sobre a ex-potência e Chávez jogou com isso.
O presente também passa por Bali, pela Conferência para as Alterações Climáticas promovida pela ONU. No cerne do debate estão as Crises Ambientais, a Sul, causadas por um ímpeto industrial a Norte, e que hoje é, sobretudo, a Sul.
A complexa interdependência, exige soluções avançadas mas muitas cedências. E estará disposta a isso uma China que cresce ao ritmo de 20 milhões de novos empregos por ano? Será novamente uma cedência do Norte que se espera consciente?
No fundo, este jogo de avanços e recuos, faz me lembrar o célebre dilema do prisioneiro, em que Norte e Sul têm, no plano económico, mais a ganhar com o status quo, desde que haja uma cedência do outro lado.
Nash, o prémio Nobel da Economia, encontrou um equilíbrio nisto, o pior para todos nós, a perseverança de ambos. Esperemos que a racionalidade vá para além de taxas de crescimento!
Para finalizar, deixem-me sublinhar o denominador comum a tudo isto: um Sul com uma nova voz no Diálogo Regional e Global, que redesenhará os equilíbrios nas Relações Internacionais.
In "O Grande J" Dezembro de 2007
De facto, esta senda está claramente enviesada para o plano Norte-Sul.
Na ordem do dia, com a respectiva proximidade à nossa realidade, está a Cimeira da União Europeia com África.
Representa, o retomar de um diálogo multilateral, interrompido já há algum tempo, precisamente, desde Cairo (2000); já que as pontes bilaterais, essas, têm se institucionalizado na herança dos Impérios Coloniais.
Nestes Fóruns, penso que é preciso delinear uma vertente mais solene, simbólica, que se revela no estruturar de uma agenda de uma parceria estratégica, e outra que está intimamente relacionada aos reais desafios institucionais inter-regionais. Ora esta última, justifica o timing da Cimeira, numa altura em que a China redescobre o potencial de África, em que a pressão migratória parece agravar-se e em que os “Consensos” de Washington e Pequim falham no campo dos direitos humanos e funcionamento democrático.
Isto, não colocando de parte a questão ambiental indissociável das várias crises humanitárias, especialmente Darfur e Somália, e a experiência do crescimento económico que tarda em chegar à África Subsariana.
Este interesse Europeu em África, é irredutível, e representa per se a primeira resposta à Invasão Chinesa. Interesse, esse, que choca com uma série de diferendos políticos, que materializam também, o encontrar da Globalização com uma série de governações ditatoriais e tirânicas. Falo claramente, de regimes como o de Mugabe, Khadafi e Al-Bashir, que gozaram de imunidade institucional para participarem nesta cimeira.
É difícil contestar a sua presença em Lisboa, aliás o problema está aí. Foi aí que Gordon Brown falhou, decisivamente diria, já que a Europa urge por este diálogo Estratégico com uma África que está unida e que ganha no primeiro diferendo com a Europa depois das “Independências”.
Estou convicto que o ambicionado desenvolvimento sustentável, não passa pela colaboração com estes senhores, mas o presente sim.
Tal como espero, mudando de perspectiva, que o futuro da Venezuela não passe por Chávez. No entanto, a Espanha de Zapatero deixou se impor na recente Cimeira Ibero-Americana. Mais uma vez, o ónus económico recai sobre a ex-potência e Chávez jogou com isso.
O presente também passa por Bali, pela Conferência para as Alterações Climáticas promovida pela ONU. No cerne do debate estão as Crises Ambientais, a Sul, causadas por um ímpeto industrial a Norte, e que hoje é, sobretudo, a Sul.
A complexa interdependência, exige soluções avançadas mas muitas cedências. E estará disposta a isso uma China que cresce ao ritmo de 20 milhões de novos empregos por ano? Será novamente uma cedência do Norte que se espera consciente?
No fundo, este jogo de avanços e recuos, faz me lembrar o célebre dilema do prisioneiro, em que Norte e Sul têm, no plano económico, mais a ganhar com o status quo, desde que haja uma cedência do outro lado.
Nash, o prémio Nobel da Economia, encontrou um equilíbrio nisto, o pior para todos nós, a perseverança de ambos. Esperemos que a racionalidade vá para além de taxas de crescimento!
Para finalizar, deixem-me sublinhar o denominador comum a tudo isto: um Sul com uma nova voz no Diálogo Regional e Global, que redesenhará os equilíbrios nas Relações Internacionais.
In "O Grande J" Dezembro de 2007
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