sábado, 16 de fevereiro de 2008

“O peso da fama”

Qual salto para o estrelato, palco para a fama, a presidência portuguesa da União Europeia, colocou Portugal nas bocas do Mundo, mas a que custo?
No rescaldo deste estado de graça é peremptório balancear custos e proveitos, sobre o estigma do rigor orçamental, criado por este executivo socialista.

Inicialmente, no que concede especificamente à Presidência, o estado disponibilizou 45 milhões de euros para cobrir todos os custos. Como referência, é ainda necessário, relembrar os 62 milhões atribuídos no Orçamento de Estado de 2006.

Na prática a factura, traduziu-se num total de 66,7 milhões.

Eventualmente, subtraindo o peso extraordinário de 12,2 milhões da cimeira EU-África, o total perfaz 54,5 milhões. Poderíamos, assim, até, idealizar um cenário de ganho face ao que foi orçamentado.

Considero, no entanto, errónea, esta linha de pensamento, sendo os custos da cimeira indissociáveis, dos da presidência. Se, por um lado ambos concretizam interesses semelhantes, a politica externa da União, representam também custos reais, sem qualquer choque positivo, visível, no dia-a-dia dos portugueses.

Por vezes, estes números megalómanos têm o poder de nos cegar. É difícil ao comum cidadão perceber o seu real valor.

No senso comum a questão é simples. Haverá maior benefício, nesta sede de “show off” face ao desinvestimento no Ensino e Saúde? Não estarão as prioridades significativamente subvertidas?

Esta é realmente a minha convicção. Suporto-a quando oiço, o gestor dos milhões da presidência, Jaime Leitão, dizer que “não se olhou a economias” no que aos custos de adaptação de estruturas para a presidência, diz respeito.

Não o vejo com estranheza. Aliás tem feito parte de uma estratégia generalizada deste governo: relembre-se a forma como Portugal está a financiar acordos com Universidades Americanas a troco de contrapartidas reduzidas. Isto quando o panorama é de corte nas “despesas” com o Ensino Superior e fecho de Universidades.

Este é a maneira como vejo a estratégia de em que se enquadrou a presidência da União.
Desajustada dos reais interesses dos Portugueses, penalizadíssimos por um tratado que remata os seis meses de presidência. Vai sim prevalecendo, uma clara necessidade de dar nas vistas que nada pode augurar de bom para esta “West Coast of Europe”


Brevemente, in "O Grande Jota" Fevereiro 2008

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