terça-feira, 22 de abril de 2008

Tratado de Lisboa

Aquando da presidência portuguesa da União Europeia a questão essencial do debate foi o Tratado de Lisboa, depois da assinatura por parte dos chefes de estado, o debate centrou-se na forma como Portugal deveria ratificar o tratado.

As posições de aprovação na Assembleia da República ou em referendo diluíram-se na sociedade portuguesa, chegando mesmo ao interior dos partidos.

Cresceu uma corrente que defendia a aprovação por referendo por tratar-se de uma questão essencial no quotidiano português, especialmente em matérias nucleares como as que são alvo do tratado. Também, argumentou-se que tratava-se de um texto que limitava a acção de Portugal pelo que os portugueses deveriam ser chamados a pronunciarem-se.

Quatro meses volvidos e depois de muitas conferências, fóruns e afins a verdade é que os portugueses não se querem informar sobre o assunto. Os primeiros resultados destes ciclos de esclarecimento são verdadeiramente frustrantes, salas vazias, preenchidas por pouco mais que algumas dezenas de cidadãos conscientes. Assim, cai por terra aquilo que muitos afirmaram, entendo que os portugueses que quiseram informar-se estão esclarecidos, os restantes continuam no desconhecimento por culpa própria. Tudo isto porque o conceito de informação dos portugueses não é ir a conferências e fóruns, preferem o assunto na abertura dos telejornais, com cartazes na rua e de preferência com uma página sobre o tratado na famosa revista Maria.

Democrata e pluralista por natureza respeito o referendo, mas apenas em questões essenciais, limito-o a um número restrito de matérias. O referendo é utilizado para fins que não é pensado, colocar assuntos que deviam ser de informação comum para se tentar dar algum debate à falta de ideias de muitos quadrantes da política lusa. Muitas vezes, também é usado como arma de arrastamento de forma a dificultar processos simples.

Ainda bem que não houve referendo, provou-se que apesar do tratado ser de difícil compreensão os portugueses não estão para ai virados, preferem como sempre, discutir o mau campeonato do Benfica, as novelas da noite e as plásticas do dito jet7 português.

É assim o espírito de civismo neste país.

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