segunda-feira, 24 de março de 2008

Indisciplina

Aproveito, aqui, para trazer algumas ideias novas ao debate relativamente à questão da educação em Portugal.

Julgo que o momento em que surgem as imagens da agressão a uma professora, por pura coincidência ou não, vem em linha com os atropelos ao prestigio, respeito e estatuto que este Ministério da Educação tem levado a cabo.

Os professores não são levados a sério, e é humilhante a forma como a própria ministra simplesmente rejeita qualquer conversa com os sindicatos, qual criança em birra.

Quando analisamos esta desacreditação, não podemos cair na miopia de não ver a questão do ponto de vista histórico.

Desde o 25 de Abril caminhou-se cegamente para uma igualdade entre aluno e professor, que não é realista. Aí quanto a mim reside o problema.

Até aí o sistema atribuía ao docente poderes que limitavam as liberdades individuais.

Hoje, o professor não tem condições para mostrar autoridade. A sociedade não o protege. Ao invés ataca-o e são as próprias famílias o seu maior inimigo.
Mesmo quando há uma tentativa de se assumir como agente responsável numa sala de aula, isso é muitas vezes confundido com autoritarismo, já que mais uma vês o suporte legal não existe.

A sua função de educar, não engloba policiar uma sala de aula. As duas tarefas não são sequer minimamente compatíveis, e a segunda não se devia colocar.

Por outro lado, o problema passa também pela banalização que é feita ao “Estatuto do Aluno”. A meu ver este diploma deveria funcionar como autoridade máxima, e para isso tem que se investir e trabalhar no sentido de divulgar os direitos e deveres que estão subjacentes a cada um, de modo a que se possa actuar com base na universalidade.

Deveres e direitos iguais em todos as escolas. Neste âmbito, indo ao caso especifico que nos trás aqui. Todos sabemos que é subjectivo a cada professor a decisão de permitir o telemóvel na aula. O novo Estatuto do Aluno não o permite, mas ainda assim não é respeitado. Não existindo consenso, quem proíbe vê-se numa posição difícil.

Estas são algumas premissas que devem guiar este debate.

A mais importante e também mais fértil, será a degradação de valores no seio da família que faz propagar dezenas de situações diárias de indisciplina nas escolas portuguesas.

1 comentário:

Tiago Mendonça disse...

Caro Pedro,

Obrigado pelo excelente post com que nos brindaste. Concordo contigo em absoluto.

Penso que a descaracterização da familia, após a saída da mulher para o mundo laboral(absolutamente necessária e compreensivel) é uma realidade indesmentivel nos nossos dias.

As carreiras economicamente compensadoras so ao alcance de alguns, exigem das pessoas uma dedicação quase total. Quem perde é os filhos que um dia também serão pais.

Assim explica a degradação de valores que observamos, com consequencias, como bem frisaste, na escola, espaço fundamental para a formação, educação e socialização dos jovens.

Um abraço.