terça-feira, 25 de setembro de 2007

Bairro Alto


Cada vez vão mais alto para rabiscar as paredes do bairro.



Há uns dias assisti, juntamente com as dezenas de pessoas que por ali se encontravam, a uma cena simplesmente incrível. Se não fôr esta a prova de maior descaramento, desrespeito e, porque não dizê-lo, desafio aos valores que, julgo, caracterizam o nosso povo, a nossa mentalidade e a nossa (pelo menos minha) cidade, então não sei que mais resta. Ou sei, resta-nos esperar que não seja algo deste género.



O que se passou foi, então, algo tão simples quanto isto: um gajo de boné na cabeça, calças por dentro das meias e com ar (muito pouco) duvidoso, ao ver as paredes do destino preferido de tantos jovens para passarem as suas noites completamente cheias daquela pseudo-forma-de-arte que os próprios chamam de grafitis ou tags decide trepar, qual macaco, por um cabo para deixar a sua marca, qual cão, no pouco espaço que restava, da outrora branca, parede de um edifício.



Se esta cena, só por si, pode parecer má demais para ser verdade, só tende a piorar quando se constata que éramos alguns 40..50..60 monos inertes a franzir o sobrolho horrorizados, enojados, irritados, revoltados. Mas impávidos e serenos.



Levanta-se-me a questão, será que a culpa é de facto daquela besta trepadora, rabiscadora de paredes que talvez não tenha tido a educação e formação que lhe permitissem discernir o bem do mal, o certo do errado, o moral do imoral por atentar e desafiar claramente a ordem e normas (para não falar do espaço de todos e específicamente dos proprietários da gigante tela em que se tornou o Bairro Alto e toda a Lisboa); ou será que é das dezenas de paspalhos, como eu, que atónitos e incrédulos ficámos a admirar a obra rupestre, hiéroglifica, urbana, pós-moderna, o que lhe quiserem chamar, sem nada fazer para o impedir?



NOTA: Não quero, de todo, lançar o debate (já mais que batido) acerca do grafiti como arte ou não arte, dos tags como grafiti ou não grafiti, da arte como estática ou evolutiva e, muito menos, acerca de fait-divers (como diria o grande sportinguista Dias Ferreira) como o que é certo ou errado e quem delibera sobre estes.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eh pah, sinceramente axo que a culpa eh mesmo nossa! ja tive mais que uma vez a ser vitima de uma tentativa de assalto, com pessoas a minha volta que nada fizeram, quando muitas vezes bastava apenas alguem falar! No entanto, ja me meti em situações "que n m diziam respeito" e acabei com uma "grande dor d cabeça"...

Anónimo disse...

estavas la, pq nada fizeste?

Anónimo disse...

nao fez nada porque ainda ninguem sabe lidar com isso...fica-se chocado sem saber o que fazer...é algo inesperado...