terça-feira, 20 de novembro de 2007

O azul natalício


Este ano, e como já vem sendo costume, parece que o Natal começou ainda mais cedo. Já há algumas semanas que se vêem pela cidade fora os enfeites com as bolas, os sinos e os presentes. Por todo o lado, começam a despontar os primeiros Pais Natal. Os centros comerciais já estão mais que prontos para a sazonal avalanche de consumismo altruísta.

Hoje, pela primeia vez, vi as luzes acesas. Desilusão das desilusões. Aquele azul psicadélico volta, mais do que nunca, a ser a predominante. Posso ser eu a estar errado, mas a ideia que eu tenho, aquilo que me faz ver que estamos perto da noite da consoada, são estes enfeites, nas ruas, nas lojas, nas casas, em tons de verde e encarnado. Dourado e branco. Umas luzes aqui e ali. Talvez um amarelo mais discreto. Nunca aquela luz irritante que nem dá para focar e me faz lembrar os néons nos bólides dos chungas da Ponte Vasco da Gama.

Falo de uma forma completamente leviana, sem grande conhecimento. Confesso que não aprofundei o assunto nem faço ideia do significado das cores e dos elementos decorativos. Aliás, esta conversa pode parecer, e estou em crer que o é, um bocado inane. Mas a questão que interessa não é propriamente o azul, o encarnado ou o verde. Digo isto com um intuíto específico, prenhe de propósito, por sua vez. O intuíto de apontar esta necessidade premente que assola as mentalidades dos dias de hoje, de fazer o que é moderno, porque é moderno. Há que ser evolucionista, num determinado sentido do termo. Mudar, ser diferente, original, novo. Não melhor, mas moderno.

Temos que abulir as tradições bárbaras e implantar novas. Mais correctas. Mais telegénicas e comerciáveis. Abaixo a tourada, queremos maratonas de morangos e casamentos de sonho. Algo que apele às massas.

Faz-me lembrar aquele argumento do partido socialista (mas pouco) aquando do referendo. Temos que ser como as nações mais avançadas do ponto de vista ideológico. Como aquelas que permitem e promovem a existência de um partido pedófilo. Como aquelas que esquecem os valores da história, das tradições, dos costumes, da familia. Legalize-se o aborto e as dorgas leves. Proíba-se o tabaco.

Num país ao qual pouco resta, que não a história, aflige-me esta ânsia de modernidade e este afastamento exponencial das origens. Esta vontade de fingir que se avança: o que é velho é mau, venha o novo, porque novo é bom.

Dá vontade de dizer: P.Q.P.!!

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